Mariposa Azual
VIM PORQUE ME PAGAVAM,
e eu queria comprar o futuro a prestações. Vim porque me falaram de apanhar cerejas
ou de armas de destruição em massa.
Mas só encontrei cucos e mexericos de feira,
metralhadoras de plástico, coelhinhos de Páscoa e pulseiras
de lata. A bordo, alguém falou de justiça
(não, não era o Marx).
A bordo, falavam também de liberdade.
Quanto mais morríamos,
mais liberdade tínhamos para matar.
Matava porque estavas perto,
porque os outros ficaram na esquina do supermercado
a falar, a debater o assunto. Com estas mãos levantei a poeira
com que agora cubro os nossos corpos. Com estas pernas subi dez andares
para assim te poder olhar de frente. Alguém se atreve ainda a falar de posteridade ?
Eu só penso em como regressar a casa;
e que bonito me fica a esperança
enquanto apresento em directo
a autópsia da minha glória. Vim porque me pagavam, Golgona Anghel
Crítica de Imprensa: Crítica Ípsilon por David Teles Pereira

Vim porque me pagavam Golgona Anghel PVP — 12€ COMPRAR