A Conta-Corrente do Mundo

Llansol e a Escrita do Diário

Org. João Barrento

PVP 13 Euros –  Comprar

 

 

Índice

Pórtico (Maria Gabriela Llansol)

I – Intervenções

João Barrento –Do Diário de um Eu ao Diário sem eu

Ilse Pollack- Fragmentos de uma vida – a duas vozes

Maria Etelvina Santos – «Passagem-metamorfose» e improvável: a condição do diário

Ana Marques Gastão – A geometria do punho: a partir do primeiro diário de Maria Gabriela Llansol

 Cristiana Vasconcelos Rodrigues –«E onde uma pessoa está, ser totalmente, cem por cento ser»Afecção e escrita em Maria Gabriela Llansol e Etty Hillesum

Ana Mata e Catarina Domingues (Chama|Ficção) – Cadências e Intermitências

II – Casas Do Diário

Clara Barbacini e Sara Aguiar – O Arquivo dos Diários de Lisboa – A memória autobiográfica como património . Archivio Diaristico Nazionale de Itália: História e actualidade

Saverio Tutino – A cultura do vivido

Natalia Cangi – Memória escrita

Camillo Brezzi – Do «lençol simbólico» à digitalização

1. Llansol Leitora de Diários

2. «E o livro a escrever toma a forma de diário…»:

Os projectos de Diários de Maria Gabriela Llansol

IV- Llansol Sobre o Diário (Textos Inéditos)

 

 

A sequência diarística aparece-me, por si só, como um livro fundamental. Há anos que parecem confluir para livros mais autónomos – Inquérito às Quatro Confidências, O Senhor de Herbais, Ardente Texto Joshua –, outros em que o principal é a continuidade do Diário que jorra por entre as fendas.

Titular esse Diário é garantir-lhe a vida. Seria o princípio de um novo livro – também principal.

O Diário garante que eu existi; que existiu, sobretudo, o caudal de cenas que se formaram e fluiram a partir daí.

Eu secundário, vista que tinha para as margens – principal.

Assim, decido começar a constituir um grosso volume ininterrupto onde os livros autónomos fazem ainda parte do Diário, embora se formem mais longe. Creio que só o mesmo olhar pode dar conta da fragmentação unitária de uma só e múltipla experiência vivida. Não me importo de morrer, mas não quero que a luminosidade se apague para que seja ininterrupta a destruição do espírito das trevas. A verdadeira poesia (Onde Vais, Drama-poesia?) nunca produziria os massacres do Kosovo.

Maria Gabriela Llansol

(Dossier DOA29, pp. 35-36 – 12 de Abril de 1999)

 

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