MULHER AO MAR E CORSÁRIAS, Margarida Vale de Gato

Desenhos e Capa de Inês Viegas Oliveira

240 páginas – PVP 16€ – Comprar

 

Margarida Vale de Gato nasceu em Vendas Novas em 1973. Traduz, escreve, é professora auxiliar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigadora no Centro de Estudos Anglísticos da mesma instituição. Transpôs para português Henri Michaux, Nathalie Sarraute, Yeats, Charles Dickens, Mark Twain, Marianne Moore, Jack Kerouac, Sharon Olds, Louise Glück, entre outros autores. Doutorou-se em 2008 com uma tese sobre a receção de Edgar Allan Poe na lírica portuguesa da segunda metade do século XIX. Tem publicado ensaios dentro das suas áreas de especialidade, comoAnthologizing Poe (coorganização com Emron Esplin, 2014 e 2020) e “Poe and Melville Working in Close(d) Chambers” (Leviathan, 2022). Na sua obra literária, contam-se os livros de poesia Lançamento (2016), a peça de teatro Desligar e Voltar a Ligar (com Rui Costa, 2011) e Mulher ao Mar. Este último é um projeto poético com atualizações periódicas (Mulher ao Mar Retorna, em 2013 e Mulher ao Mar e Grinalda, em 2018); Mulher ao Mar e Corsárias é a sua mais recente encarnação.

Leia aqui o texto de apresentação de Miguel Cardoso   https://amariposa.net/eh-pa-no-que-eu-me-fui-meter-apresentacao-de-mulher-ao-mar-corsarias-de-margarida-vale-de-gato/

 
MARINHA

Nem aranha nem sereia, antes fora marinheira,

mas por costume da terra, fiquei sendo pescadeira

a ver da areia o mar, o homem levando a barca.

 

Nem urdir nem cativar, antes queria navegar,

mas por costume da terra, me pus peixes a contar,

a ver da areia o mar, o homem levando a barca.

 

Mas por costume da terra, fui de redes lançadeira,

tal a renda, densa, onda, que levantou como fraga;

a ver da areia o mar, levando o homem na barca.

 

Mas por costume da terra, me pus corda a enrolar

tal essa renda da vaga, um vale branco a cavar,

a ver da areia o mar, levando o homem na barca.

 

Até a renda na água se soerguer como fraga,

caindo o casco ao vazio, partindo tábua na vaga,

a vir à areia o homem, levada no mar a barca.

 

Até a renda na água um oco de espuma cavar,

a vaga cobrindo tábua até a marca apagar,

a vir à areia o homem, levada no mar a barca.

 

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